Entrevista

 

Um artilheiro no meu coração

Por Sheyla Lima 

Mellyna Reis, Diego Trajano e Lucas Fitipaldi, os "donos" do curta

Mellyna Reis, Diego Trajano e Lucas Fitipaldi, os "donos" do curta

Vencedor do Prêmio Especial do Júri , o curta-metragem Um artilheiro no meu coração foi um dos grandes sucessos da 13ª edição do Cine PE – Festival Audiovisual do Recife. O documentário conta a história do jogador de futebol Ademir Menezes, o Queixada, que começou a carreira no Sport Clube do Recife. Além do troféu do Cine-PE, o filme já ganhou outros prêmios, como o Cristina Tavares de Jornalismo, IV Festival Aruanda de Vídeo e X Festival de Vídeo do Recife. Com 20 minutos de duração, o curta foi o resultado de um trabalho de conclusão de curso em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Na entrevista a seguir, Mellyna Reis, que produziu, dirigiu e roteirizou o vídeo junto com Diego Trajano e Lucas Fitipaldi, conta um pouco da história por trás da história.

Sheyla Lima – Por que falar do Ademir Menezes?

Mellyna Reis – A ideia surgiu a partir da estátua que fica na Ilha do Retiro. Lucas teve a ideia primeiro, passou pra gente e nós gostamos. A gente queria saber, e dizer, quem era aquele cara, qual a importância dele a ponto de merecer uma estátua. Aí pesquisamos e vimos que ele foi um divisor de águas no futebol brasileiro.

Sheyla – Como assim um divisor de águas?

Mellyna – Ele foi o iniciador de algumas coisas no futebol. Por exemplo: foi ele quem criou a posição de ponta-de-lança. Ele era meio-campo, mas também atacava e aí surgiu a posição, a mesma que consagrou Pelé anos depois. Os técnicos [de futebol] viram a necessidade de criar um quarto zagueiro, para marcar esse ponta-de-lança. Isso deu origem ao esquema hoje conhecido como 4-4-2. Ele também foi o primeiro jogador nordestino a sair para jogar em um time do Sul do Brasil, quando saiu do Sport e foi para o Vasco. Além disso, o pai dele, o primeiro empresário de futebol do País, criou o conceito de luva no futebol, que existe até hoje. Ademir foi muito pioneiro, criou coisas que estão aí ainda. Ele é também o maior artilheiro brasileiro em uma única Copa do Mundo, com nove gols na copa de 50.

Sheyla – Como foi o processo de produção do curta?

Mellyna – Foi muito difícil, foram muitas madrugadas de trabalho, principalmente com o roteiro. Foram três viagens ao Rio de Janeiro, uma de apuração e contatos e duas de captação de imagens. Também gravamos muita coisa aqui, com pessoas daqui que conheceram ele e pessoas da família. Mas, como ele foi um jogador das décadas de 40 e 50, muitos dos companheiros de futebol dele não estão mais vivos. Também enfrentamos dificuldades financeiras, já que tudo que foi gasto saiu do nosso bolso. O patrocínio foi mamãe, papai e a bolsa do estágio. Mas também conseguimos muito apoio. A dona Vilma Menezes, viúva de Ademir, nos apoiou bastante, ela tem um acervo muito grande dele.

Sheyla – E por que o nome “Um artilheiro no meu coração”?

Mellyna – Um artilheiro no meu coração é um título de uma crônica do grande escritor e jornalista Armando Nogueira. Apesar de ser botafoguense, ele era alucinado por Ademir e fez uma crônica para ele com esse título. Na época da produção do curta, fizemos muita coisa, inclusive um curso sobre vídeo experimental. Nesse curso, a professora sugeriu que baseássemos o filme nessa crônica. Aí tivemos a idéia de manter o título do texto.

 

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